O Egoísmo como Obstáculo Ético e Moral
FILOSOFIACOMPORTAMENTO
Prof. Marcelo Magoga Terapeuta


O egoísmo, sob a perspectiva de Sócrates, Platão, Aristóteles e Kant, é visto como um entrave ao desenvolvimento ético e moral. Sócrates acreditava que a verdadeira felicidade, a eudaimonia, é alcançada somente quando o indivíduo transcende seus desejos egóicos.
Para Sócrates, o egoísmo é uma forma de ignorância, que falha em reconhecer a interdependência entre o bem individual e o bem coletivo. Em sua alegoria da caverna, Platão, discípulo de Sócrates, vê o egoísmo como um apego às sombras, às aparências e aos prazeres imediatos, impedindo o acesso à luz da verdade e da justiça. A alma só atinge a harmonia quando guiada pelo racional e justo, enquanto o egoísmo, que deixa o sujeito submetido ao ego e sua busca por prazer imediato, fragmenta tanto o indivíduo quanto a sociedade.
Aristóteles, fundador da Academia, em seu livro Ética a Nicômaco, escrito para seu filho mais novo, procura definir uma vida virtuosa como o equilíbrio entre o excesso e a falta, e vê o egoísmo como um excesso de autointeresse. Para ele, o ser humano é um "animal político", destinado a viver em comunidade, e o egoísmo viola essa natureza.
Immanuel Kant, filósofo do Iluminismo, argumenta que o egoísmo é incompatível com o imperativo categórico, pois ações egoístas não poderiam ser universalizadas sem causar caos social. A moralidade exige que respeitemos a dignidade e a autonomia dos outros. Em seu pensamento iluminista, ele enfatizou a importância da razão, da liberdade individual e da busca pelo conhecimento. Seu lema “Sapere Aude” (Ouse saber) incentiva as pessoas a buscar conhecimento, mas também a refletir e questionar o que aprenderam, como meios essenciais para melhorar a sociedade.
Como vimos, ser egoísta não prejudica apenas o desenvolvimento pessoal, mas mina as estruturas da ética e da convivência social. Ser humano é transcender o isolamento do "Eu" e reconhecer que o outro é o caminho para uma vida virtuosa e harmônica. A compaixão, qualidade natural da humanidade, se contrapõe ao egoísmo exacerbado, que impede o florescimento de uma vida ética e altruísta.
Assim, o egoísmo, ao afastar o indivíduo da busca pelo bem comum e da virtude, revela-se como um obstáculo não apenas para a moralidade individual, mas também para a construção de uma sociedade justa e equilibrada. É na superação do ego e na valorização do outro que encontramos o caminho para uma vida verdadeiramente ética e plena.