Dor e Hipnoterapia

A dor, na intersecção entre mente e corpo, é compreendida não apenas como um sinal neurofisiológico, mas como uma experiência complexa, profundamente interpretada pelo psiquismo. A dor física, sob a ótica da Psicanálise, nunca é puramente física, mas é matizada por angústias, memórias e pelos significados que o sujeito atribui a ela.

Nesse contexto, a Hipnose Clínica, Hipnoterapia, atua como uma ferramenta de intervenção focada na mente. Sua função não é negar a realidade da dor, mas alterar a percepção subjetiva que se tem dela.

No manejo da dor crônica, a hipnose facilita processos de dissociação, permitindo que o indivíduo observe a sensação com distanciamento, como se rebaixasse o "volume" sensorial daquele estímulo. Podem ser criadas "anestesias" mentais, onde a mente, através da sugestão focada, aprende a reinterpretar o sinal de dor como uma sensação distinta, talvez pressão ou calor.

No preparo para cirurgias, a intervenção hipnótica foca em dois pontos principais:

1. Dessensibilização ansiosa: é um fator de estresse que tensiona o corpo e pode dificultar a recuperação, a ansiedade pré-operatória, nesse caso a Hipnose auxilia na projeção do paciente para um estado mental de calma e na ressignificação do ato cirúrgico: não como uma violação, mas como um ato de reparação e cura.

2. Sugestões Pós-operatórias: durante o transe, são instaladas sugestões diretas ao inconsciente visando o controle do sangramento, a aceleração da cicatrização e, crucialmente, uma gestão da dor pós-cirúrgica que pode reduzir significativamente a necessidade de analgesia química.

Portanto, a Hipnose é a aplicação clínica da premissa filosófica de que a realidade subjetiva é construída internamente. Ao acessar a central de comando perceptivo – os processos inconscientes – torna-se possível modular como o corpo deve sentir e reagir.